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Foto do escritorJosé Carlos Pacheco Coimbra

A questão da cerveja PURO MALTE

Atualizado: 20 de set. de 2021

Por Alfeu Julio


Há algum tempo, felizmente para nós, o mercado brasileiro de cerveja vem oferecendo um crescente leque de opções para o amante de cervejas. Sejam rótulos importados ou das nano, micro ou mini cervejarias nacionais, é impossível não se perceber o grande aumento nas opções ofertadas.


Diante desse cenário é cada vez mais comum a ocorrência de consumidores que decidem experimentar os novos sabores, aromas e sensações que nelas são encontrados. E como cerveja é uma bebida para ser consumida junto com outras pessoas, é normal que elas dividam suas experiências entre um gole e outro. Que marca provou e adorou, outra que não recebeu tanta aprovação e por aí vai.


Muitas pessoas que vem se interessando por essa “revolução” nesse segmento, se sentem atraídas por marcas que se apresentam como “puro malte”, ou seja, que não contém nenhuma outra fonte de açúcares para a levedura, que não sejam aqueles provenientes do malte de cevada. Isso quer dizer, sem a adição de milho, arroz, cereais não maltados em geral, açúcar de cana, etc. Parece óbvio que isso, a certeza de que a cerveja é “puro malte”, garantiria uma cerveja de melhor qualidade certo? A notícia que tenho para dar é: parece sim, mas essa não é a verdade!


Primeiro, devo esclarecer que muitas cervejas já nasceram sem ser “puro malte”. Regiões na Bélgica por exemplo, inclusive as festejadas cervejas “trapistas” tem muitas vezes a adição de açúcar na composição de seu mosto. Trigo, centeio, milho e arroz muitas vezes são adicionados em determinados estilos, com finalidades especificas e fazem parte integrante e característica daquele perfil de cerveja, sem o que o estilo não seria reconhecido como tal.

Um dos pontos cruciais está na quantidade em que se permite o uso desses ingredientes (também chamados de adjuntos) no Brasil. Aqui a legislação permite que sua adição chegue a 45% da composição do mosto, o que é criticado por muita gente.

Outro ponto importante é que pouco adianta a cervejaria usar o malte de cevada apenas, mas também usar estabilizantes, antioxidantes, aceleradores de fermentação e outras coisas mais para acelerar o processo de produção, aumentar a estabilidade da cerveja e esconder defeitos.


Assim recomendo que você, na dúvida, leia sempre aquelas letrinhas miúdas, que todos os rótulos de alimento são obrigados a trazer em sua embalagem. Lá você terá algumas boas pistas para saber se a cerveja que você pretende consumir é só “puro malte” ou se ela também tem boa qualidade em seu processo e fabricação.

Até a próxima. Saudações cervejeiras!




Alfeu Julio é Engenheiro de Alimentos pela Unicamp e cervejeiro desde 2001.


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