Por Alfeu Julio
As cervejas nacionais que fogem do padrão industrial estabelecido tradicionalmente pelas grandes marcas são chamadas de especiais e ou artesanais. Cervejas importadas também são muitas vezes enquadradas como especiais.
À falta de uma legislação que estabeleça claramente a diferença entre essas categorias e propostas de cerveja, é muito comum que haja uma certa confusão na cabeça do consumidor, já que as palavras “especial” ou “artesanal” são passíveis de serem estampadas em qualquer rótulo, desde que o produtor assim o deseje.
Somando-se a esse cenário difuso aparecem as cervejas caseiras, aquelas produzidas na cozinha da casa do cervejeiro, que por lei não podem ser comercializadas (muito embora às vezes isso aconteça).
Vamos tentar detalhar aqui então as possibilidades de consumo com relação à origem do produto, que encontramos atualmente.
Cerveja caseira
Como o próprio nome indica é aquela produzida em casa. Muitas delícias que já provei nessa longa estrada se encaixam nessa categoria (claro que algumas amostras também foram decepcionantes). Não é liberada legalmente para comercialização já que não há supervisão dos órgãos competentes acerca dos processos, sistemas de armazenamento de insumos, do produto acabado, da higiene, da presença de um técnico responsável, etc. A cerveja caseira deve ser produzida para consumo próprio ou para dividir com os amigos (se você que está lendo isso for um cervejeiro caseiro, pode me considerar seu amigo e me presentear com uma cerveja..rsrs).
Cerveja importada
Muito embora quase sempre seja considerada “especial” (e muitas o são), existem marcas que chegam ao país longe de poder receber essa chancela. Algumas marcas, infelizmente, são de qualidade inferior às que temos ao nosso dispor.
Cerveja artesanal
Um produto artesanal se opõe à ideia de um produto industrial confere? No entanto nos tempos atuais essa ideia é muito pouco precisa. Por isso acredito que nosso mercado terá que amadurecer, sendo que o debate sobre as reais definições desse conceito fará parte de tal processo. Nos EUA cerveja pode ser chamada de artesanal, desde que não ultrapasse um determinado volume anual de produção e desde que não tenha nenhuma empresa “mainstrain” em sua composição societária. Já na Itália, existe a sugestão de que a cerveja artesanal não pode ser nem filtrada nem pasteurizada, o que garante que seu consumo deve ser local, já que esse tipo de produto é mais delicado. Um ponto (quase que) consensual, com o qual a maior parte dos cervejeiros concorda, é que a adição de estabilizantes, antioxidantes e outros adjuntos não faz parte do mundo da cerveja verdadeiramente artesanal.
Espero ter esclarecido as possibilidades encontradas em nosso dia a dia, com relação à cerveja. Se você tem um tema que gostaria de ver discutido ou explorado por nós, mande sua mensagem!
Até a próxima. Saudações cervejeiras!
Alfeu Julio é Engenheiro de Alimentos pela Unicamp e cervejeiro desde 2001.
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